
Na calada da noite
Quando todos já estão dormindo,
Eu fico sozinha, pensando.
Na mente, velhas fitas amareladas
De um tempo há muito passado,
São reprisadas velozmente.
O vento, como que cansado,
Para de trabalhar.
No céu as estrelas se dispersam
Rumo à algum lugar.
Livres.
Livres como o mais livre dos pássaros,
Que acomodado numa frondosa árvore,
Gorgea sem parar.
Na cidade, sob as luzes frias
Dos postes insensíveis,
Esperanças e tristezas se confundem.
Em algum bar, onde há bebida, música e piada,
Há uma mulher que isolada,
Sozinha com as suas sombras,
Olha para o copo disforme.
Rolando pela face jovem
Uma lágrima, também solitária,
Desce sem rumo.
A mulher apaixonada mergulha na noite.
Abandona a vida
E abraça amorte.
Márcia Andrade